ALTO PARAÍSO... ANTES E DEPOIS...
Cheguei nesta cidade há 17 anos... Longínquo 1993...
O que existia?
Somente duas ruas asfaltadas: Av. Ary Valadão e Rua 12 de Dezembro...
Apenas um supermercado – O Xapadão - que mais deixava a desejar, sem variedades, apenas o básico dos básicos se tinha para comprar...
Não havia hospital, mas sim um Centro de Saúde, assim chamado mas que na verdade era mais um Posto que um Centro, pelas condições então apresentadas... Ah! Tinha, sim, um “esqueleto” de hospital, a ser terminada a sua construção!
O comércio? Nem a “Nossa Loja” (da Sessinha) ainda existia, imaginem! É! Sei que é preciso uma imaginação ultra fértil para se conseguir ter uma idéia do que era essa cidade! Lembro-me que uma amiga veio passar uns dias aqui, logo que para cá vim... Ficou hospedada na casa de uns parentes seus, que também haviam se mudado há pouco... Eram 7h da noite... Bateram na porta de minha casa, insistentemente... Era ela, desesperada por um cigarro!!! Acreditem!!! Apenas 19h e não havia um só lugar aberto, para que ela pudesse comprar seu cigarro!!!
As moradias? Precárias, tanto no seu visual, quanto em suas estruturas de construções... Qual a casa, naquela época, que tinha um forro que fosse, mesmo que de pinus? As melhores casas haviam sido deixadas pelo Projeto Alvorada, do Arizinho Valadão Filho... E, assim mesmo, eram muito poucas...
Bancos? Só o BEG, já quase falido, em fase de ser vendido ao Itaú... Mesmo assim, era um “Posto Bancário”!
Só haviam dois bairros: o centro velho e o centro novo... Iniciava-se a “invasão” que deu origem ao Paraisinho... Daí, ter sido chamado de “invasão” por longos anos...
Novo Horizonte, Monte Sinai, Setor Planalto, Cidade Alta, Estância Paraíso, Vale Azul, etc., tudo isso foi surgindo aos poucos, como uma “miragem num deserto”...
Em pouco tempo, já tínhamos um Hospital funcionando, outros supermercados foram surgindo, o comércio crescendo, novas lojas, lindas construções, com seus designes diferenciados de todo o resto não só do nordeste goiano, mas de outras partes do mundo... Meu Deus! Até o Banco do Brasil resolveu investir aqui, trazendo uma “agência”! Imagine! Uma “Agência” e não um “Posto”???
Aliás, por falar em “outras partes do mundo”, isso me fez lembrar que essa cidadezinha esquecida no “corredor da miséria”, de repente, em pouco tempo, passou a ser conhecida nos quatro cantos do globo terrestre! Até diploma da Unicef recebeu, como “Reserva da Biosfera”, dá pra acreditar? Pois é, isso aconteceu!
Até aquela “estradinha terrível”, de tantos acidentes fatais, que ligava a cidade a um de seus vilarejos – S, Jorge – a porta de entrada do nosso Parque Nacional, ganhou um asfalto maravilhoso em quase toda sua extensão... Quantas vidas deixaram de ser ceifadas com essa incrível obra!
A cidade, que antes era apenas mais uma entre as demais, tudo igual no meio do nada, já sorria com a maioria de suas ruas asfaltadas, um crescente de carros indo e vindo, melhor iluminação, moradores advindos de várias partes do Brasil e até do exterior, e um turismo direcionado ao místico e ecológico...
Uma cidade que passou a ser diferenciada de todo o resto do nordeste goiano... Uma cidade que passou a ser vista e admirada por personalidades mundiais que nos visitavam, como Príncipes, Embaixadores, e até Presidentes Brasileiros, inclusive o Lula... Sim, o Lula esteve aqui nos visitando, acreditem se quiser!
Alto Paraíso gestacionou por muitos anos, mas “nasceu” realmente, e “cresceu” e se “desenvolveu” através de um só Homem! Seu nome? É preciso realmente dizer?
Não! Preciso, primeiro, tomar coragem para, novamente, pronunciar seu Nome! Dói-me demais pronunciar o nome a quem se deve o que Alto Paraíso é hoje! Uma dor aguda que me transpassa o coração! Uma dor que toda a cidade carrega! Uma “cruz” que todo seu povo leva e levará para sempre em seus ombros, independente de posição social, status, cargo que ocupa, cor, credo ou até... partido político!
Uma dor misturada com revolta e saudade... Uma dor misturada com ingratidão e ignorância... Uma dor advinda de desafetos, de desamor, misturada no muito do amor que aqueles que lhe reconheciam o valor inegável, lhe tínhamos, lhe temos e teremos eternamente!
“MORREU O HOMEM, FICOU O MITO” – é o slogan que se vê espalhado na cidade... Nesta cidade que chora a sua falta!
Nesta cidade que, em cada esquina, em cada rua, em cada restaurante, não verá mais seu sorriso alegre e seu jeitão descontraído de alguém que “amava a vida”!
Nesta cidade que não mais terá seu aperto de mão, seja do mais rico até ao mais pobre, naquele abraço de só quem sabe ser realmente amigo!
Nesta cidade que demonstrou seu carinho, com sua presença em peso em seu funeral! Nesta cidade que, agora, carrega o fardo da tristeza de sua perda! Uma perda que, dentro das “cabeças pensantes”, não existe um só pensamento que justifique! E dentro dos “corações pulsantes”, não se passa uma só batida que não lembre que em seu peito, impediram seu coração de continuar “vivo”...
Mas, Você continuará sempre “Vivo” em nossas lembranças, nesta cidade que jamais o esquecerá -
DIVALDO WILIAM RINCO!
Em nome do Teu Povo – Obrigada por ter existido!
Que Deus o abençoe sempre e a nós não desampare!
“O amor tudo pode e tudo vence, encontrando soluções para as situações mais difíceis e controvertidas”. (autor desconhecido)
Hipatia III
Alto Paraíso, 22 de Setembro de 2010
(exatamente 20 dias após o "passamento" de Divaldo)